sexta-feira, 1 de abril de 2011
Tsunamizar
Sem compaixão, sem intenção ou sem lógica intensional mesmo, a natureza ignora o humano em certos momentos terríveis da vida. Acabamos de assistir a isso. Tsunamis são implacáveis, de uma inexorabilidade que causa um horror indescritível; recorrente e mesmo assim inusitado. O pior: não podemos fazer nada ou quase nada. Isso me lembra um pouco Todorov, para quem o momento "fantástico" é a hesitação experimentada por seres que só conhecem as leis naturais, face a um acontecimento aparentemente sobrenatural. O povo japonês, como nós, conhece, em geral, as leis naturais. Contudo, mesmo sabedores da imprevisibilidade dos acontecimentos e das tecnologias capazes de mitigar os efeitos de uma catástrofe natural, ainda experimentamos o aparente sobrenatural. É que queremos sempre dar sentido àquilo que não tem sentido. Explicações científicas, mesmo que benvindas, são tentativas rigorosamente desesperadoras de dar sentido. Solidariedade a distância. Não é disso que falo, por mais que seja legítimo. Lembro só da solidariedade ao próximo, a quem devemos, de acordo com nossos desejos, dizer sim ou não. Hesitemo-nos, sempre, antes de escolher, de decidir.
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