sexta-feira, 24 de abril de 2009

O céu além dos outros céus

O céu da cidade
sobre os corpos age
leva-os ao amanhecer
quando o negro da noite
encarna e cega
O céu da cidade
atordoa os olhares inocentes
e encoraja os corajosos
- tecidos em teias de aranha
O céu da cidade
turva o olho do forasteiro urbano
O céu da cidade
é sóbrio
pecado tem
mas debaixo das marquises
O céu da cidade
areja as mentes
pela negra sombra
que projeta nas árvores
O céu da cidade
dessarraiga as cóleras
se bem admirado for
O menino cabisbaixo
vive com dor de barriga
Um dia
o céu da cidade
anoiteceu em prantos
Todos imprecaram contra
Lágrimas gélidas
No dia seguinte
o céu da cidade
acordou descamando peles
sufocando os descrentes
ávidos pela ira do sol

Nenhum comentário:

Postar um comentário